domingo, maio 29, 2011

Boas práticas
Sustentabilidade conquista espaço nas salas de aula
Próxima geração deve encarar proteção ambiental e social com mais naturalidade
Publicado no Jornal OTEMPO em 28/05/2011
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ANA PAULA PEDROSA
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FOTO: LEO FONTES
Afetivo. Crianças do Santo Agostinho estão sendo preparadas para a extinção do viveiro, ao qual são muito apegadas
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A sustentabilidade chegou às salas de aula. O tema não é uma matéria curricular, mas permeia o aprendizado de alunos de todas as idades em diversas escolas. No colégio Santo Agostinho, por exemplo, a questão entra no projeto Valorizar a Vida, que tem uma série de iniciativas.

"As escolas entraram no assunto, em princípio, como um modismo, mas sabemos que não dá para ser assim. É uma questão de sobrevivência e o desafio é formar nossos alunos de maneira que as preocupações sociais e ambientais façam parte de suas vidas", diz o diretor geral Francisco Angel Morales Cano. Ele diz que, enquanto as gerações atuais têm que aprender a usar esses conceitos, as próximas devem encarar o tema como algo mais natural.

Entre as iniciativas estão a troca das cerca de 1.200 lâmpadas fluorescentes por 720 de led, que são mais eficientes, e a instalação de lixeiras voltadas para a coleta seletiva. Nas salas de aula, serão dois tipos, uma para papel e outra para os demais resíduos. Nas áreas externas, o lixo será separado em papel, plástico e orgânico, já que latas e vidro não são permitidas na escola. O papel será encaminhado à Associação dos Catadores do Papel Papelão e Material Reaproveitável (Asmare) e o orgânico à Superintendência de Limpeza Urbana (SLU).

Os alunos são envolvidos no projeto e estimulados a mudarem suas atitudes. Nos próximos meses, a escola distribuirá uma revista com dicas de sustentabilidade elaboradas pelos próprios estudantes do ensino médio. "Mudando a postura dos alunos, esperamos também atingir as famílias", diz o diretor.

A mudança mais sensível, porém, será a extinção do viveiro que abriga cerca de 60 periquitos australianos e é o "xodó" das crianças da escola. Os pássaros serão enviados a uma fazenda na região da Pampulha, onde poderão viver em liberdade. "Os pequenos têm uma ligação afetiva com o viveiro e estamos trabalhando para mostrar a eles que as aves não devem viver presas".

No Espaço Escola, também em Belo Horizonte, as ações sustentáveis ficam sob o guarda-chuva do projeto Saber Cuidar, que envolve cuidados consigo, com os outros, com o próprio espaço e com o planeta. "O mais importante é cuidar do presente para, no futuro, colhermos bons frutos", diz a coordenadora pedagógica Adriane de Oliveira e Silva.

Uma das iniciativas é uma Feira de Trocas Solidária, que teve sua primeira edição em 2008. Nela, alunos e famílias são estimulados a trocarem produtos ou conhecimentos sem o uso do dinheiro. Um exemplo foi a troca de mudas de trevos da sorte, plantadas pelos alunos da 1ª série, por azulejos quebrados, que serviram para a reforma do muro das salas do Fundamental I.

O designer fotográfico Dilson Mendes tem dois filhos na escola e aprova a preocupação sustentável. "É importante para formar mais que o aluno, o cidadão. As crianças cobram em casa a redução do lixo, a economia de água, e nós, pais, ficamos até envergonhados, porque elas estão certas", diz.

Ação
Instituições dão exemplo a prática
Além de ensinar sustentabilidade, as instituições de ensino dão o exemplo na prática. O Instituto de Educação Tecnológica Belo Horizonte (Ietec), por exemplo, só usa papel reciclado desde 2001 e não faz propagandas em outdoors. "Temos que mostrar para o aluno que também vivenciamos a sustentabilidade, senão, fica incoerente", diz o presidente da instituição e coordenador geral da Conferência Latino-Americana sobre Meio Ambiente e Responsabilidade Social (Ecolatina), Ronaldo Gusmão.

No Santo Agostinho, além da prática dentro da escola, a intenção é reunir a comunidade da região para pedir à prefeitura a instalação de coleta seletiva no bairro. A meta é coletar cerca de 3.000 assinaturas. (APP)

Análise
Famílias são envolvidas
Ângela Mathylde Soares

Além de informar, a escola é a responsável por preparar o sujeito para a vida em sociedade. Os projetos que remetem à sustentabilidade são extremamente importantes na formação de crianças em idade escolar. Ações voltadas para o meio ambiente e para a cidadania despertam sentimentos de solidariedade e responsabilidade, que são diferenciais na personalidade de uma pessoa.

Além da conscientização cidadã, projetos desse tipo nas escolas fazem com que a família comece a se envolver mais com a vida escolar dos filhos, o que potencializa ainda mais o aprendizado. Essa participação faz uma diferença enorme no desenvolvimento. As crianças ficam com maior autoestima e bons sentimentos são estimulados, como o respeito e a confiança.

Um rombo no céu é aberto com essa interferência da escola e da família no aprendizado das crianças. Sem dúvida, estimulando a sustentabilidade entre os alunos, as gerações futuras darão mais valor à natureza, ao trabalho, aos bons valores, ou seja, às atitudes que fazem diferença para transformarmos o mundo em um lugar melhor.

Psicanalista, psicopedagoga e diretora da clínica multidisciplinar Aprendizagem e Companhia

FOTO: CHARLES SILVA DUARTE - 9.6.2010
Desperdício. Grande parte do que vai para aterros e lixões poderia ser reciclado ou reaproveitado
Novo
MBAs trazem nova postura profissional
Em pouco tempo, sustentabilidade estará em cursos de todas as áreas
Ana Paula Pedrosa
Quem não cresceu convivendo com questões de sustentabilidade volta às salas de aula para aprender a aplicá-la no dia a dia profissional. "Metade dos alunos procura o curso por necessidade de mercado. A outra metade porque sabe que sustentabilidade é o futuro, mesmo que não saiba exatamente como aplicar no curto prazo", diz o coordenador do MBA em gestão de meio ambiente e sustentabilidade da Business School da Fundação Getúlio Vargas (IBS/FGV), Roberto Guimarães.

Ele diz que o curso nasceu da constatação de que a questão ambiental como era encarada até há pouco tempo não se aplica mais. "O foco não é mais ambiental, é a sociedade como um todo", diz. Segundo ele, até pouco tempo atrás, os temas ligados à sustentabilidade ficavam restritos a profissionais da área de engenharia. "Hoje, é uma questão inevitável para todas as áreas. Temos alunos com graduação até em literatura", conta.

No Instituto de Educação Tecnológica Belo Horizonte (Ietec), a sustentabilidade está presente em cursos de pós-graduação de diversas áreas, como gestão de negócios, engenharia ambiental integrada, administração de compras e engenharia de processos. "É uma mudança de conceito e de postura dos profissionais. Muitos não tiveram esse tema nem na graduação", diz o presidente do Ietec, Ronaldo Gusmão.

Roberto Guimarães, da IBS/FVG, acredita que o tema ganhará cada vez mais espaço, tanto que, em pouco tempo, o próprio MBA recém-lançado pode ser extinto. "Em dez ou 20 anos, não vai mais ter MBA sobre sustentabilidade. Isso vai ser aprendido na escola", afirma. Em breve, a FGV editará uma norma para inserir a sustentabilidade nos MBAs de todas as áreas.

Volume de lixo impressiona estudantes
Para conhecer na prática o problema da destinação de resíduos sólidos, alunos do curso de engenharia ambiental da Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac), em Bom Despacho, no Centro-Oeste mineiro, visitaram os aterros e lixões da região e ficaram impressionados com uma constatação: muita coisa que poderia ser reciclada ou reutilizada acaba no lixo por falta de conhecimento da população ou de políticas públicas de destinação.

O professor Elton Santos, um dos responsáveis pelo projeto, diz que a situação não é exceção. "O que vimos, infelizmente, é o que acontece na maioria das cidades", diz "É impressionante a quantidade de comida no aterro, o volume do desperdício", completa. Ele diz que o projeto é importante para que os alunos vejam na prática o que aprendem na teoria. (APP)

2 comentários:

  1. QUEM NAO FOI NESTA VISITA DEIXA UM DEPOIMENTO AK OOOOOOOO...

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  2. Qual visita??
    Nós do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UNIPAC ainda não tivemos nenhuma visita técnica no período letivo de 2011.
    Será que esqueceram de nos convidar??!!

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