AVALIAÇÃO
DA REUTILIZAÇÃO DE ÓLEO DE COZINHA NO PREPARO DE SABÃO: UMA ALTERNATIVA
SOCIOAMBIENTAL
Adilson Vieira Melo; Andréa Faria de Sousa;
Bruno Soares Batista e Denise Sousa Faria.
Alunos de Engenharia Ambiental e Sanitária da
UNIPAC Bom Despacho
RESUMO:
O descarte
do óleo nas redes coletoras de esgoto e lixões, são um grande problema
ambiental enfrentado há anos pela sociedade, talvez pela falta de fiscalização
ou ate mesmo legislações pertinentes ao assunto. O óleo quando lançado ao meio
ambiente de forma incorreta, pode vir a trazer varia consequência, que refletem
na própria sociedade, como entupimento de tubulações de esgoto ou contaminação
do lençol freático. Atitudes simples como o reaproveitamento do óleo para a
fabricação de sabão, poder vir a ser soluções para tais problemas. O trabalho a
segui tem como finalidade mostra a viabilidade de se produzir o sabão a partir
do óleo de cozinha já utilizado, com um custo baixo e um preparo simples. Mostrando
também A possibilidade de que o reaproveitamento dos óleos seja feito pela
sociedade em geral, não apenas como uma
educação escolar ou ambiental, mas com um aspecto social e até mesmo
econômico.
PALAVRA-CHAVE:
Sabão; preservação ambiental, óleo de
cozinha
1.
INTRODUÇÃO
O óleo
de soja tem sido o grande amigo das donas de casa. Mas na parte ambiental ele
tem sido o vilão que causa sérios problemas e destruições. Ele age
silenciosamente até que ficam evidentes os seus malefícios.
O nosso país
é produtor de 9 bilhões de litros de óleos vegetais por ano. Desse total
produzido, 1/3 é transformado em óleos comestíveis. O consumo per capita
alcança 20 litros/ano, o que proporciona uma produção de três bilhões de litros
de óleos por ano no Brasil (OIL WORLD, 2010).
Os
principais óleos e gorduras vegetais comercializados são: óleo de soja, canola,
amendoim, girassol, óleo de milho, de arroz, de uva, óleo ou gordura de coco de
babaçu, óleo ou gordura de coco, óleo ou gordura de palma, de palmiste, óleo de
gergelim, óleo misto ou composto, óleo vegetal saborizado e azeite saborizado,
óleo de oliva e azeite de dendê (RABELO e FERREIRA, 2008).
Quando lançado nos solos, seja
através de lixões, os óleos impermeabilizam e impedem a infiltração de água, e
poderá contaminar os lençóis freáticos. O mesmo acontece quando o óleo vem
através de efluentes e penetra na composição dos rios. Eles se acumulam nas margens,
diminuem a infiltração e aumentam assim a possibilidade de enchentes.
Quando o óleo é jogado na pia
e cai na rede de esgoto de nossas casas, boa parte fica grudada nas paredes do
esgoto e absorvem outras substâncias, o quê reduz o diâmetro das tubulações,
gerando o aumento da pressão e consequentes vazamentos, provocando o completo
entupimento do sistema. Quando lançado automaticamente para a rede sanitária
das cidades sem um tratamento adequado, ele se espalha pela superfície dos rios,
represas e mares danificando a fauna aquática e acabando com o ecossistema. Em
contato com a água do mar, esse resíduo líquido passa por reações químicas que
resultam em emissão de metano. (MARIAMELIA e ROGER,
2009.)
Os impactos
gerados por esse resíduo ocorrem em todos os níveis da sociedade, desde as
unidades residenciais até os grandes restaurantes e indústrias. A falta de
informações sobre os impactos causados pelo descarte inadequado do óleo, seja
jogando nas redes de esgoto ou diretamente nos rios, gera um acúmulo poluidor
gradativo nos recursos hídricos, que uma vez contaminados, alteram radicalmente
a sua constituição e os ecossistemas que estão nesses corpos de água (CERQUEIRA
e SANTOS, 2008).
Este estudo propõe a
alternativa de reaproveitamento do óleo para fazer sabão que tem sido
considerada a mais simples e rentável produção tecnológica de reciclagem
fazendo com que haja um ciclo de vida desse produto. Dessa forma há uma maior
facilidade de implantação do projeto até mesmo em parceria com ONGs, entidades
e prefeituras. Fornecendo emprego e conscientização ambiental.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1Aspectos legais
A norma 362
do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, de 23 de junho de 2005 em seu
Art. 12, legisla que ficam proibidos totalmente os descartes de óleos residuais
ou contaminados em solos, subsolos, nas águas interiores, no mar litoral, na
zona econômica exclusiva e nos sistemas de esgoto ou evacuação de águas residuais.
De acordo com a resolução 357 nos parâmetros permitidos da presença de óleos e
graxas nos rios de classe 2, serão virtualmente ausentes (CONAMA, 2005).
Um
levantamento sucinto da oferta de óleos residuais de frituras mostra um
potencial de oferta no país superior a 30 mil toneladas por ano. Algumas
possíveis fontes dos óleos e gorduras residuais são: lanchonetes, restaurantes,
indústrias onde ocorre a fritura de produtos alimentícios e condomínios
residenciais. Considerando a grande diversidade de estabelecimentos que
utilizam esses óleos, é difícil fazer um levantamento preciso da
disponibilidade desse resíduo. A organização é mencionada como "uma
empresa, corporação, firma, empreendimento, instituição e partes ou combinações
destas, mesmo que não sejam à mesma razão social públicas e privadas, que
tenham sua própria função e administração". Cláusula 3.12 da ISO
14001(1996).
2.2DESCARTE
INCORRETO DO ÓLEO RESIDUAL
O óleo
destinado no ralo da pia da cozinha, além de causar odor, aumenta
consideravelmente os problemas referentes á recuperação de esgoto. Este óleo
descartado acaba alcançando aos rios e até mesmo ao oceano, através das redes
urbanas. A presença do óleo na água é facilmente descoberta. Devido ao fato de
ser mais leve e menos denso do que a água ele tem a característica de flutuar,
não se dissolvendo, mantendo-se na superfície na superfície. Promove-se dessa
maneira um obstáculo que atrapalha a entrada de luz e impede a oxigenação da
água. Esse fato pode prejudicar e até destruir a base da cadeia alimentar
aquática (fito plânctons), promovendo um desequilíbrio ambiental, comprometendo
a vida (PARAÍSO, 2008).
O descarte
de gordura na rede de esgoto acaba levando á incrustação nas paredes da
tubulação e por consequência obstrução das redes, causando sérios prejuízos. Já
a destinação do óleo no solo, pode levar a sua impermeabilização, causando poluição
e impossibilidade de uso (PARAÍSO,
2008). e a intoxicação ou contaminação do lençol freático.
Muitos rios em
nosso país ainda recebem todo o esgoto do município sem o adequado tratamento.
O lençol
freático deste local ficará comprometido pela contaminação originada dos
despejos domésticos.
Os órgãos
municipais recebem cerca de 600 pedidos por mês para desobstruir esgotos
bloqueados por óleo ou gordura. O óleo também vem a atingir córregos e parte de
represas, o que pode gerar a impermeabilização do solo e das margens dos rios
(RECICLOTECA, 2008).
Muitos
comerciantes (restaurantes, bares, pastelarias, hotéis,...) e casas colocam o
óleo de soja usado diretamente nas canalizações de rede de esgoto, com consequente
incrustação e mau funcionamento das estações de tratamento.
Para extrair
o óleo e desentupir as canalizações são empregados compostos químicos tóxicos,
com consequências negativas sobre o meio ambiente (MUNDO VERTICAL, 2008).
2.3
COMO REUTILIZAR O ÓLEO DE SOJA
Atualmente o
óleo de soja que seria descartado em
lixos ralos e pias ,esta sendo destinado a produção de sabão, biodiesel e a mais nova,
a produção de um anti-ferrugem para automóveis.
O sabão é um
produto biodegradável, o que significa dizer que é uma substância que pode ser
degradada pela natureza. Essa possibilidade de degradação das moléculas
formadoras do sabão muitas vezes é confundida com o fato do produto ser
poluente ou não. Ser biodegradável não indica que um produto não causa danos ao
ecossistema, mas sim, que o mesmo é decomposto por micro-organismos (geralmente
bactérias aeróbicas), aos quais serve de alimento, com facilidade e num curto
espaço de tempo. ( BLOG AS TECNOLOGIAS DOS SABÕES E O MEIO AMBIENTE, 2011)
Para a
fabricação do sabão, foi analisado dois tipos de óleo, o primeiro foi de
fritura residual e o segundo o de fritura comercial, onde concluímos que o óleo
de soja provindo de fritura residual é mais favorável para a fabricação de
sabão, pois sua qualidade é melhor, tendo então um sabão de melhor qualidade.
ORIGEM DO ÓLEO
|
QUALIDADE
|
VOLUME
|
CUSTO
|
PREPARO
|
De fritura
residencial
|
++
|
-
|
0
|
++
|
De fritura
comercial
|
+
|
++
|
0
|
+
|
(++) muito
favorável , (+) favorável, (0) satisfatório, (-) desfavorável,
Para
obtenção do sabão foi utilizado uma receita simples que pode ser feita por
qualquer pessoa, não esquecendo de se proteger, pois se faz uso de soda. Foram
utilizados os seguintes ingredientes:
4 Litros de óleo de soja
residencial
1 Kg de soda cáustica em
flocos
2
detergentes de coco
2 litros de agua
1 litro de álcool
Gostas
de corante
Após
misturas todos os ingredientes, mexemos a mistura por aproximadamente 1 hora
ate obtermos uma mistura homogenia, que então foi colocada em uma caixa para
secar, abaixo segue fotos do preparo:
Inicio do preparo Após
30 minutos
Após 1 hora 12
horas depois
3.
CONCLUSÃO
Durante o
experimento podemos observar que, o preparo do sabão é simples e pode apresentar baixos custos econômicos barato, podendo ser realizado por qualquer pessoa. Os
ingredientes podem ser acessíveis são baratos e de acesso a qualquer renda familiar, tem
um grande valor ambiental, pois quando se deixa de descartar o óleo nas redes
de esgoto ou lixões, estamos contribuindo com o meio ambiente e com atitudes socioambientais, pois o fabrico de sabão pode
ser uma renda extra para a família com po nosso
bolço também.
A sociedade tem o dever de exigir do poder público necessita pressionar as autoridades para que sejam
estudadas e aprovadas legislações eficazes com o intuito da preservação
ambiental, priorizando todos os recursos naturais e elementos bióticos e
abióticos existente nos ecossistemas. Somente com o apoio da legislação
podem-se resolver alguns dos problemas causados pela destinação final inadequada
do óleo residual de cozinha. Ressalta-se também que,
medidas simples de proteção socioambientais sejam divulgadas e incentivadas
para toda a sociedade, visando, efetivamente, à melhoria da qualidade de vida,
em um ambiente ecologicamente equilibrado,
de forma a garanti-lo às futuras gerações, como preceitua a Constituição
brasileira.
4.
Referencias
http://www.yousol.com
http://projetosabao.blogspot.com.br
.
http://www.oilworld.biz/app.php. Acesso: outubro
de 2010.
RABELO; R. A. FERREIRA; O. M. Coleta Seletiva de
Óleo Residual de Fritura para
Aproveitamento Industrial. Goiânia. 2008. 21f. Monografia (Engenharia
Ambiental) - Universidade
Católica de Goiás. Disponível em:
http://www.ucg.br/. Acesso: setembro de 2010.
CERQUEIRA; E. B. SANTOS; Mª. A. dos. A importância
da Educação Ambiental e a reutilização
do óleo residual de fritura na região de Campinas
(GOIÂNIA/GO). Morrinhos - GO. 2008. 50f.
Dissertação (Especialização em Gestão Ambiental) -
Universidade Estadual de Goiás. Disponível em:
http://www.bibliotecauegmorrinhos.com. Acesso:
setembro de 2010.
PARAÍSO. Programa de coleta seletiva de óleo de
cozinha usado. Disponível em:
www.paraiso.mg.gov.br. Acessado em junho de 2008.